Pazuello diz que embaixador da China vai ajudar a ‘destravar’ burocracia para envio de insumos da vacina

Foto: Luiz Felipe Barbiéri/G1

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, relatou nesta quinta-feira (21) que o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, lhe afirmou que vai ajudar a “destravar” a burocracia para envio ao Brasil de insumos das vacinas contra a Covid-19.

Pazuello disse que conversou com o embaixador nesta quarta. O Instituto Butantã e a Fiocruz podem produzir vacinas no Brasil, mas dependem dos produtos que vêm da China. A demanda do mundo inteiro por esses insumos gerou o temor no Butantan e na Fiocruz de que falte o material no Brasil.

O ministro da Saúde ressaltou que, na conversa, o embaixador disse que os obstáculos para o envio são burocráticos, e não políticos ou diplomáticos. A liberação do ingrediente farmacêutico ativo (IFA) passa pelo governo chinês.

“Todos compreendem que os insumos que vêm da China atendem ao Butantan e à Fiocruz. Estamos em negociação diplomática com a China. Conversei ontem [quarta-feira] pessoalmente duas vezes com o embaixador chinês. Conversei na parte da manhã com ele e solicitei que ele pudesse fazer uma entrevista à tarde, e foi feita. Ele vai fazer as gestões necessárias. Colocou para mim que não há nenhuma discussão política ou diplomática no assunto, e sim burocrática. Ele vai encontrar onde está esse entrave e vai ajudar a destravar”, afirmou Pazuello em um pronunciamento à imprensa.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também conversou com o embaixador da China nesta quarta e relatou uma resposta parecida com a de Pazuello. Maia disse que, também a ele, o embaixador garantiu que os entraves são burocráticos.

A iniciativa de negar fatores políticos ou diplomáticos se deve a hostilidades que já foram proferidas contra a China por pessoas de dentro ou próximas ao governo do presidente Jair Bolsonaro.

Em novembro do ano passado, por exemplo, ao comentar sobre a tecnologia de internet móvel de quinta geração, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, afirmou que o governo brasileiro declarou apoio a uma “aliança global para um 5G seguro, sem espionagem da China”. Em seguida, apagou a postagem. A embaixada reagiu e disse que as frases do deputado eram “infundadas” e “solapavam” a relação entre os dois países.

Cronograma de entregas

Apesar dos entraves, Pazuello afirmou que as entregas do IFA ao Butantan e à Fiocruz não estão atrasadas.

O ministro explicou que a entrega dos insumos ao instituto em São Paulo está prevista para 10 de fevereiro e para a Fiocruz o prazo é 31 de janeiro.

Pazuello afirmou que o ministério, ao negociar a liberação do material com a embaixada chinesa, está se antecipando ao problema.

“Eu lembro que no contrato de entrega deste IFA para o Butantã a próxima previsão de entrega é para 10 de fevereiro. Tenta-se antecipar. Não está atrasada no caso do Butantan. No caso da Fiocruz, a previsão é até 31 de janeiro, ainda não está atrasada, mas estamos nos antecipando ao problema”, disse o ministro.

“Não posso acionar ainda contratualmente a empresa que fizemos a encomenda da tecnologia. Só posso acioná-la e acionarei no primeiro dia de atraso, que é após o final de janeiro”, acrescentou Pazuello.

Vacinas da Índia

Sobre as vacinas adquiridas junto ao Instituto Serum, da Índia, o ministro afirmou que o embarque das doses para o Brasil depende apenas de liberação do Ministério da Saúde indiano.

Segundo Pazuello, no entanto, ainda não há uma data exata para a chegada do material.

“Com relação à vinda das vacinas da Índia, as notícias são muito boas, mas não há data exata da decolagem, ela será a dada nos próximos dias, muito próximos, por causa da posição indiana nesse desenho”, disse.

“Nós queremos, nos contratamos, nós pagamos, fizemos o empenho, temos o documento de importação e temos o de exportação. É apenas nesse caso sim a liberação do Ministério da Saúde indiano, que está sendo discutido”, afirmou o ministro.

‘Avalanche’ de pedidos de registros

Antes do pronunciamento à imprensa, Pazuello participou da apresentação do programa de capacitação de profissionais para a aplicação das vacinas contra a Covid-19.

Durante o evento, o ministro disse que espera para o início de fevereiro uma “avalanche” de pedidos de laboratórios para o uso de vacinas no Brasil. Para uma vacina ser aplicada no país, precisa antes de aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), responsável por analisar os pedidos dos laboratórios.

“Em janeiro, começo de fevereiro, vai ser uma avalanche de laboratórios apresentando suas propostas, porque são 270 iniciativas no mundo produzindo vacinas e a gente tem que estar com muita atenção e cuidado para colocar todas elas o mais rápido possível disponíveis dentro da segurança, dentro da eficácia e na nossa capacidade de colocar no lugar certo e na hora certa”, disse o ministro.

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