PF indicia mais de 60 na Carne Fraca

A Polícia Federal concluiu o relatório final da Operação Carne Fraca, que investigou um esquema de fraude e corrupção em frigoríficos do país, e indiciou 63 pessoas, sob suspeita de corrupção, crime contra a ordem econômica e falsificação de produtos alimentícios, entre outros crimes.

Na lista estão 21 fiscais agropecuários, seis pessoas ligadas a esses servidores, 13 sócios e 12 funcionários de frigoríficos -incluindo um diretor e três gerentes-, entre outros.

Entre os indiciados, estão o ex-chefe da superintendência do Ministério da Agricultura no Paraná, Daniel Gonçalves Filho; o diretor da BRF André Baldissera; o funcionário da unidade da JBS na Lapa (PR) Flávio Evers Cassou; o ex-chefe de inspeção em Goiás, Dinis Lourenço da Silva; os sócios do frigorífico Peccin, de Curitiba; e outros servidores e empresários do setor.

O relatório, porém, é parcial, em função do grande número de investigados e do “elevado grau técnico” das perícias solicitadas nos materiais apreendidos, segundo a PF, que ainda não foram totalmente concluídas.

O indiciamento significa que a pessoa é suspeita de ter cometido um crime, o que será apurado durante o inquérito policial.

Para o delegado Maurício Moscardi, ainda assim, restou comprovada “a existência de uma organização criminosa atuante dentro da estrutura do Ministério da Agricultura”, em especial na superintendência regional do Paraná e nos Estados de Goiás e Minas Gerais.

Segundo a PF, havia “um sistema de favorecimento e contrapartida entre servidores públicos e empresários”. Os fiscais, portanto, recebiam propina para fazer vista grossa na fiscalização dos frigoríficos.

Entre as provas relacionadas no inquérito, além das escutas telefônicas e depoimentos de ex-funcionários, estão canhotos de cheque com o nome de fiscais a quem teria sido paga propina, relatórios sobre o crescimento patrimonial incompatível com a renda dos investigados e envelopes com dinheiro apreendidos na casa dos suspeitos.

Adulteração

A novidade do relatório, porém, são as informações relativas à adulteração das carnes.

A PF apresentou laudos realizados pelo próprio Ministério da Agricultura, após a deflagração da operação, que foram compartilhados com a investigação.

Realizados em março deste ano, eles indicam, por exemplo, a operação em capacidade acima do permitido (o que dificulta a manutenção das condições sanitárias necessárias ao frigorífico), temperaturas elevadas em salas de corte, falta de higienização de equipamentos de abate, uso de conservantes proibidos em embutidos, uso de carne vencida, mofo nas instalações, reutilização de embalagens e excesso de água em produtos congelados.

O relatório de indiciamento será encaminhado ao Ministério Público Federal. Cabe ao órgão, então, avaliar se há provas suficientes para denunciar os envolvidos, que então podem responder a uma ação criminal.

Todos os investigados, até aqui, negaram irregularidades.

DIÁRIO DO NORDESTE

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