
Podemos sabe que candidatura de Moro ainda não decolou e busca aliança com o MBL na tentativa de “turbiná-la”
Em busca de alianças que possam turbinar a campanha de Sérgio Moro (Podemos) ao Palácio do Planalto, a presidente do Podemos, deputada Renata Abreu (SP), se reuniu no fim de semana com o Cidadania para discutir a formação de uma federação partidária, uma das novidades desta eleição. Se confirmada, a união garantiria a primeira legenda na coligação do ex-juiz, ampliando recursos e tempo de TV.
O Podemos é considerado uma sigla pequena – detém a 12.ª maior fatia do fundo eleitoral neste ano, com R$ 229 milhões. Em outra frente, integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL) devem começar a migrar para o Podemos a partir deste mês. O grupo apoia a pré-candidatura de Moro à Presidência e ensaia a formação de palanques estaduais com o ex-juiz da Lava Jato.
O movimento de Renata Abreu ocorre depois de o Cidadania abrir conversas para formar uma federação com o PSDB, que tem o governador de São Paulo, João Doria, como pré-candidato a presidente. Diferentemente das coligações – proibidas nas eleições proporcionais desde 2020 -, as federações criam uma “fusão” temporária entre as siglas envolvidas, que precisam permanecer unidas por pelo menos quatro anos. Os partidos têm até o dia 2 de abril para registrar as alianças.
O presidente do Cidadania, Roberto Freire, afirmou que no encontro com Renata Abreu, no sábado, os dois ficaram de discutir a ideia de uma união internamente nas legendas. De acordo com o dirigente, se a aliança for confirmada, o Cidadania retiraria a pré-candidatura do senador Alessandro Vieira (SE) ao Planalto. “Na possibilidade de uma federação com um partido que tem candidato a presidente, você está assumindo que aquela será a candidatura sua também se você aprovar”, disse Freire.
Cláusula de barreiraTanto o Cidadania, com sete deputados, como o Podemos, com 11, estão ameaçados de ficar sem Fundo Partidário e tempo de propaganda de rádio e televisão. A cláusula de desempenho determina que os partidos precisarão eleger pelo menos 11 deputados federais em 2022 para ter acesso aos recursos. Segundo Freire, a sigla precisa decidir se vai formar uma federação com o PSDB, com o Podemos ou se vai descartar se aliar a alguma partido. Nas últimas semanas, o dirigente tem conversado com o presidente do PSDB, Bruno Araújo.
Alessandro Vieira disse que vai aguardar o assunto ser debatido pela Executiva Nacional do Cidadania. De acordo com ele, uma reunião está prevista para hoje. “É preciso definir as condições, em especial nos palanques regionais.”
No Distrito Federal, os senadores Reguffe (Podemos) e Leila Barros (Cidadania) são pré-candidatos ao governo. Já em relação à união com os tucanos, na Paraíba o PSDB faz oposição ao governador João Azevedo (Cidadania).
Além do Cidadania, outro partido que Doria e Moro disputam é o União Brasil, resultado da fusão do DEM com o PSL. Em entrevista a uma rádio da Bahia, anteontem, o ex-juiz confirmou que busca alianças com Cidadania, Novo, União Brasil e PSDB. “Não existe governo de um partido só. A gente quer fazer uma grande aliança nacional entre partidos, mas também com a sociedade civil, em cima de um projeto que faça sentido.”
‘Natural’Representante do MBL, o deputado estadual Arthur do Val (Patriota), pré-candidato ao governo de São Paulo, afirmou ao Estadão que o movimento de migração é “natural”, uma vez que o MBL e o ex-juiz defendem ideias semelhantes. “O Podemos garantiu não apenas a legenda para eu disputar o governo, como também liberdade para que todos os outros que participarão das eleições tenham tudo o que precisarem no partido”, disse.
Um dos principais atrativos da sigla, além da presença de Moro, seria a garantia de “independência” para o MBL. A filiação deve ocorrer junto com a divulgação de uma “carta de independência” acertada entre o grupo e a legenda.
Além de Arthur do Val, outros representantes do MBL que devem se filiar ao Podemos são o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), o vereador Rubinho Nunes (PSL) e Adelaide Oliveira, que foi candidata a vice-prefeito de São Paulo em 2018 pelo Patriota. O presidente do Patriota em São Paulo e coordenador nacional do MBL, Renato Battista, também migrará para o Podemos.
Kataguiri confirmou a intenção de entrar no partido de Moro. O parlamentar, no entanto, declarou que ainda não decidiu se vai esperar a janela partidária, em março, quando deputados podem trocar de legenda sem o risco de perder o mandato, ou se vai tentar um acordo com a direção nacional do DEM para antecipar sua saída.
Lava JatoO embarque do MBL no Podemos concretiza um movimento que já vinha sendo feito desde que Moro anunciou sua pré-candidatura, em novembro. No mesmo mês, o ex-juiz foi destaque no Congresso Nacional do MBL, onde foi apresentado como o pré-candidato da “terceira via”. O MBL é um dos principais defensores da Lava Jato.
Desde a chegada de Moro ao Podemos, o partido atraiu deputados federais de outros dois partidos: Alexis Fonteyne (SP), que vai sair do Novo, e Maurício Dziedricki (RS), que vai deixar o PTB.
Tribuna do Norte
1 Comentário
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pedro
jan 1, 2022, 12:26 pmMoro quer se levantar mas não pode, desista dessa ilusão de ser candidato a presidência.