Polícia investiga uso de estudantes de Medicina como ‘mulas’ do tráfico

Estudantes brasileiros que cursam Medicina na Bolívia e no Paraguai estão sendo cooptados como “mulas” pelo tráfico para transportar drogas ao Brasil. Somente na capital paulista, dois deles foram presos em flagrante pela Polícia Civil em um mesmo terminal rodoviário em um período de três meses. As suspeitas são que há mais casos ocorrendo, o que tem ligado o alerta de investigadores.

Conforme o Departamento de Operações de Fronteira (DOF), vinculado à Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul, o aliciamento passou a ser uma das formas usadas na tentativa de ludibriar a fiscalização da polícia. Investigações apontam que o lucro dos estudantes que transportam drogas – que normalmente têm um perfil mais caro, como cocaína e skank – pode chegar a R$ 5 mil em uma única remessa.

“Chamou a atenção, em um período de três meses, dois estudantes que fazem Medicina fora do Brasil nessa situação”, disse ao Estadão o delegado Fernando Santiago, titular da 4ª Delegacia da Divisão de Investigações sobre Entorpecentes (Dise) do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc) da Polícia Civil.

As prisões dos alunos de Medicina foram feitas em flagrante e ocorreram como parte de investigações que nem sequer tinham os estudantes como foco. Mas as semelhanças de perfil das “mulas”, como são chamadas as pessoas cooptadas pelo tráfico para transportar drogas, ligou o alerta da polícia, que agora prevê intensificar as investigações.

“Tivemos três casos em um intervalo de um ano que envolviam estudantes de Medicina”, acrescentou o delegado. Além dos dois que ocorreram neste ano, Santiago relembra que um estudante foi preso no ano passado após ser flagrado transportando cocaína. Ele cursava Medicina no Paraguai.

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