Policiais militares do RN assumem o Laço Branco em debate sobre a violência contra mulher

O encontro que aconteceu nesta quinta-feira (5), durante toda a tarde, no salão nobre do Quartel do Comando Geral da Polícia Militar, no bairro do Tirol, é uma realização conjunta da Secretaria de Estado das Mulheres, da Juventude, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos (SEMJIDH) e da Polícia Militar do Rio Grande do Norte em alusão ao Dia Nacional de Mobilização do Homem pelo Fim da Violência contra a Mulher (6), também conhecido como Laço Branco. Para a ocasião, foram convidados o Juiz Rosivaldo Toscano e a Promotora de justiça, Erica Canuto.

A titular da SEMJIDH, Arméli Brennand, depois de agradecer a acolhida do Comando Geral da PM, representado na atividade pelo subcomandante da PM/RN e chefe do Estado Maior, Coronel Zacarias Mendonça, afirmou que “não se pode falar em enfrentar o feminicídio – que é uma das formas de criminalidade, uma das modalidade de violência que merece todo o nosso repúdio, sem debater primeiramente como os homens e as mulheres que tem a responsabilidade imediata de enfrentar as questões de natureza criminológica porque são essas pessoas que vão estar lá na frente, na rua, no enfrentamento primeiro, no acolhimento das vítimas e na condução dos algozes”.

As falas de Dr. Rosivaldo Toscano e Dra. Érica Canuto foram intercaladas com comentários e perguntas dos policiais presentes. O juiz discutiu o comportamento machista e misógino construído historicamente para o homem, reproduzido por algumas mulheres e reforçado nas instituições sociais, contra o qual o próprio homem deve resistir. Toscano ainda explicitou os tipos de ameaças e agressões as quais uma mulher é submetida dentro do ciclo de violência. 
Na sequência, Érica Canuto abordou a culpa, em geral, dirigida a mulher, inclusive quando na condição de vítima, recebe eventuais críticas por suas decisões afetivas. De acordo com a promotora de justiça, quando uma sociedade declara que “mulher gosta de apanhar” porque demora a reagir ou denunciar seu companheiro, esta sociedade se revela profundamente marcada pelo machismo em sua estrutura. Em muitos casos, o que se observa é que a mulher conhecedora dos hábitos do seu opressor e já enredada ao ciclo de violência doméstica e familiar, “programa-se” para o que pode vir a acontecer, quando não consegue romper o ciclo. Um dos homens que participa do Grupo Reflexivo coordenado pela promotora também contribuiu para o debate. 
O Conselho Estadual dos Direitos das Mulheres (CEDIM), representado por Joana D’arc Lopes, resgatou em sua fala o trágico episódio, conhecido como “Massacre de Montreal”, ocorrido na década de 1980, quando um homem de 25 anos decidiu atacar feministas canadenses em uma ação que terminou com 14 estudantes mulheres assassinadas,14 outras feridas, das quais 10 também eram mulheres. O atirador se suicidou após o crime, mas com ele foi encontrada uma lista com nomes de 19 feministas daquele país que ele tinha a intenção de matar; O Movimento Laço Branco é criado a partir deste fato.
A noção equivocada de masculinidade, se revista, pode contribuir para uma cultura sem violência de gênero. Uma mudança profunda que precisa envolver também os homens e as mulheres das forças de segurança, agentes fundamentais para a retomada do equilíbrio, do desenvolvimento e da paz social no estado do Rio Grande do Norte.
Conforme o último infográfico de feminicídio divulgado pela Coordenadoria de Estatísticas e Análises Criminais (COINE/0BVIO) da Secretária de Segurança e Defesa Social (SESED), observa-se uma redução de 29,6% dos índices de feminicídio em relação ao ano 2018 e  inferiores ao ano 2015, quando o RN apresentou uma redução dos índices de CVLI’s, não acompanhada dos índices de feminicídios.
Ainda participaram do evento, a Subsecretária de Políticas para Mulheres da SEMJIDH, Carla Tatiane Azevedo, o Chefe de Gabinete e Assessor da Vice Governadoria, Dr. Raimundo Filho, dentre outros.

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