Por que Donald Trump assusta o mercado

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Desde que o candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, subiu nas pesquisas eleitorais e passou a ameaçar o favoritismo da democrata Hillary Clinton, na última semana, o clima é de volatilidade no mercado financeiro. O cenário de incerteza deve continuar até, pelo menos, esta terça-feira (8), quando os americanos vão às urnas escolher o seu novo presidente. Os mercados temem Trump porque simplesmente não conseguem prever o que ele faria com a maior economia do mundo.

Durante a campanha, Trump oscilou entre propostas agressivas e irreais para a economia. Disse que quer cortar impostos para os mais ricos (o que desequilibraria o orçamento) e que pretende tirar os EUA de acordos comerciais e até de instituições multilaterais que o próprio país ajudou a construir, como a Organização Mundial do Comércio (OMC). É uma agenda que assusta e, talvez por isso mesmo, não é considerada a mais provável por analistas.

“As informações que chegavam eram que a Hillary venceria as eleições. O que aconteceu é que todos os agentes econômicos começaram a olhar Hillary como presidente. O mercado já tinha perspectiva de qual seria a agenda econômica, quem seriam as pessoas do governo”, diz o economista da RC Consultores Marcel Caparoz. O banco Itaú, por exemplo, não tinha traçado nenhuma projeção econômica até sexta-feira (4) colocando Trump como vencedor.




O cenário de previsibilidade nas eleições americanas mudou quando a rede ABC News divulgou uma pesquisa eleitoral em que Trump apareceu com 46% das intenções de votos, um ponto porcentual à frente da concorrente democrata. A pesquisa foi divulgada na última terça-feira (1º).

Desde então, o clima de incerteza predomina entre analistas financeiros e economistas. Eles argumentam que ninguém sabe ao certo o que Trump colocará em prática se eleito presidente e que a possibilidade de ele vir a adotar medidas protecionistas, como a revisão de tratados de comércio exterior e a adoção de uma política mais dura quanto à imigração, poderia levar a economia americana a uma nova recessão.

“A possibilidade de ele virar drasticamente a economia e a ingerência na política monetária pode criar um desequilíbrio em outros mercados emergentes, em função do fluxo de capital entre os países”, diz Adeodato Volpi Netto, analista de economia e mercado de capitais da Eleven Financial.

Caso a vitória de Trump seja confirmada nas urnas, Caparoz acredita que o período de volatilidade do mercado continuará até que as primeiras ações do presidente eleito sejam de fato implementadas. “Haverá fuga de capitais de ativos mais arriscados para ativos de menor rico”, diz o analista.

O economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, acrescenta que, mesmo com a vitória da candidata democrata, certo grau de incerteza continuará a pairar no mercado. “Com o grau de polarização que chegou os Estados Unidos, tal situação não vai acabar na terça, com o resultado das eleições”, afirma Gonçalves.

A chance de vitória de Trump pegou os principais mercados globais de surpresa. No Brasil, o dólar fechou em alta de 1,63% na última terça-feira (1º) e o Ibovespa registrou a maior queda desde setembro, ao perder quais dois mil pontos e encerrar o dia em com baixa de 2,46%.

GAZETA DO POVO

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