Preso por estupro, caicoense ganha liberdade no Ceará: Juíza diz na decisão que lutador tem “bons antecedentes” e não fala de suposto abuso à filha

Antes de ser preso por estupro em Fortaleza, lutador conhecido como Moicano foi investigado por suposto “abuso sexual contra a própria filha”, em Caicó, no entanto, sem condenação por isto, e na decisão da magistrada cearense, este caso nem foi citado, o apontando gozar de “bons antecedentes”.

Entenda

O motorista de aplicativo preso por estuprar uma passageira na saída de uma festa no Bairro Edson Queiroz, em Fortaleza, em janeiro deste ano, foi condenado a 8 anos e dois meses de prisão pelo crime, mas recebeu da Justiça o direito de recorrer em liberdade e foi solto nesta segunda-feira (9).

Edilson Florêncio da Conceição, conhecido como “Edilson Moicano”, de 48 anos, que também é lutador de Artes Marciais Mistas (MMA), estava preso desde o dia 19 de janeiro, quando foi flagrado por policiais militares atacando a vítima em um matagal nas proximidades do evento.

A decisão que levou a soltura de Edilson causou a indignação da empresária Renata Coan Cudh, vítima de Edilson, que publicou um vídeo falando pela primeira vez sobre o caso e pediu ajuda para que o estuprador volte a prisão.

“Mesmo com o depoimento de três policiais, testemunhas oculares, exame de perícia, o réu confessando o crime e toda a violência que sofri, ela [juíza] julgou que ele poderia responder em liberdade por ser réu primário. O sistema está dizendo para outras mulheres que forem violentadas amanhã, hoje ou agora que a palavra delas não basta, que nenhuma confusão basta, que o agressor vai sair por aí pela porta da frente”, disse Renata Coan nas redes sociais.

No julgamento, ocorrido no início deste mês, a juíza Adriana Aguiar Magalhães, titular da 5ª Vara Criminal de Fortaleza, condenou Edilson a 8 anos de prisão por estupro de vulnerável, pois a vítima estava alcoolizada, e 2 meses de detenção por resistir à prisão.

Como Edilson já estava preso há 4 meses e 12 dias, o prazo para o cumprimento da detenção por resistência já foi cumprido, restando a 7 anos, 9 meses e 18 dias de prisão, a ser cumprido inicialmente em regime semiaberto.

Apesar da condenação, a juíza permitiu que Edilson Moicano recorra ao processo em liberdade, por ser réu primário e possuir bons antecedentes. O relaxamento da prisão do lutador foi emitido na última sexta-feira (6).

“Concedo ao réu o direito de recorrer em liberdade, em razão de sua primariedade e bons antecedentes, que o autorizam a aguardar o desfecho de eventual recurso em liberdade”, diz um trecho da decisão da juíza Adriana Magalhães.

A defesa de Edilson, feita pela advogada Carolina Dantas Azin Rocha, disse que embora o crime cometido por ele seja classificado como hediondo, a fixação da pena deve observar os princípios constitucionais da legalidade, proporcionalidade e individualização da pena.

“Ressalta-se que essa decisão não representa absolvição nem impunidade, mas o estrito cumprimento da legislação brasileira. Trata-se do respeito ao devido processo legal, com possibilidade de reexame pelas instâncias superiores, como previsto no ordenamento jurídico. A defesa técnica continuará atuando com ética, responsabilidade e respeito à dor da vítima, reafirmando que a verdadeira justiça deve ser feita com base na lei e não movida por reações emocionais ou pressões sociais, disse em nota a advogada Carolina Dantas Azin Rocha.

‘Fui sequestrada, violentada e estrangulada até quase a morte’

Conforme o relato de Renata Coan, no dia 19 de janeiro ela foi “sequestrada, violentada e estrangulada até quase a morte” por Edilson Moicano, após pegar uma corrida com ele com objetivo de retornar para casa.

“Eu não tive chance nenhuma de defesa. Me lembro de cada segundo do ar faltando. Foi Deus que enviou três policiais que já estavam indo embora no final do turno e que me salvaram e prenderam um homem flagrante. Por mais que eu tentasse transparecer que eu estava bem nas minhas redes sociais, nesses últimos quatro meses, eu e minha família sofremos em silêncio. Porque não queríamos exposição”, falou Renata.

Para a vítima, a soltura do condenado trará riscos para ela e outras mulheres, que podem passar pelo o mesmo que ela.

“Tudo que eu queria nesse momento era ter paz e tranquilidade. Mas como que eu vou ter isso sabendo que o cara está aí nas ruas? Eu faço esse vídeo expondo a minha dor, não somente por mim, mas por todas as mulheres desse mundo. Porque uma coisa eu tenho certeza: eu não era a primeira, eu não ia ser a última, e se não fosse eu naquela noite, seria outra mulher. E talvez essa mulher não estaria aqui, contando isso para vocês”, disse a vítima.

No trajeto, o motorista desviou o veículo para um matagal, a imobilizou com um golpe conhecido como “mata-leão” e, quando a vítima acordou, já estava no matagal. Quando ela recobrou a consciência, o agressor estava cometendo o estupro, enquanto a enforcava e dizia que iria matá-la.

Já para os policiais que atenderam a ocorrência, a mulher relatou que havia pedido um veículo pelo aplicativo, mas como estava demorando para a corrida ser aceita, acabou negociando informalmente com o suspeito, que estava em frente ao local da festa.

Após entrar no carro, ela percebeu que o aplicativo teria encontrado uma corrida. Nesse momento, desistiu de ir com o homem, mas o suspeito a impediu de sair do carro.

G1 Ceará

1 Comentário

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jun 6, 2025, 6:27 pm Responder

Aonde vamos parar? A menina riscou a estátua do STF pegou 14 anos de cadeia , esse vagabundo estuprou e quase matou a menina e só pasou 4 meses preso ! Tem alguma coisa errada com esse país…

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