Recursos hídricos como potencializador do turismo no Geoparque Seridó

Altas temperaturas, seca e solos cobertos pela vegetação da Caatinga são os atributos da região semiárida do Nordeste brasileiro que surgem primeiramente no imaginário popular. No entanto, além desse cenário instigador e ainda pouco aproveitado, existe uma paisagem composta por maciços de rochas cristalinas, planícies fluviais, vales e planícies de inundações com extensas áreas de sedimentos aluvionares, que, na ausência das águas, o que ocorre na maior parte dos anos, oferece um cenário atraente e desafiador. No período chuvoso, por sua vez, essa paisagem se transforma e passa a convidar, agora com água, para outras experiências neste tempo limitado.

É nessa perspectiva que o projeto de extensão intitulado Os Recursos Hídricos no Desenvolvimento do Geoturismo no Geoparque Seridó, coordenado pela professora da Escola de Ciências e Tecnologia (ECT/UFRN) Vera Lúcia Lopes de Castro, contribuiu para o fortalecimento das ações no Geoparque Seridó. Por meio do compartilhamento do conhecimento sobre os aspectos da paisagem, seja na ausência ou na presença das águas fotogênicas, o projeto estimula a população e as instituições envolvidas a enxergar os elementos hidrológicos como parte da geodiversidade e, consequentemente, como atrativo no campo do geoturismo.

Segundo Vera, a ideia do projeto surgiu da necessidade de caracterizar o potencial dos elementos hidrológicos em agregar valor ao geoturismo, possibilitando um incremento para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental do Geoparque Seridó. A ação tem um público-alvo que compreende a comunidade acadêmica da UFRN, envolvendo docentes da ECT e dos Centros de Ciências Exatas (CCET) – Departamento de Geologia, Centro de Tecnologia (CT) – Engenharia Ambiental; e Faculdade de Engenharia, Letras e Ciências Sociais do Seridó (Felcs/UFRN). Os alunos envolvidos são da ECT e da Felcs. Além disso, destaca-se a participação das comunidades da região e de instituições governamentais e não governamentais municipais e estaduais.

Na primeira fase do projeto, serão levantados dados e informações junto aos órgãos governamentais, que posteriormente serão sistematizados em um banco de dados. Este, por sua vez, estará associado a uma ferramenta de geoprocessamento para integrar e referenciar os geossítios às suas respectivas sub-bacias hidrográficas, que serão acompanhados dos elementos e valores hidrológicos que interagem com a geodiversidade e com o geopatrimônio, respectivamente. Serão produzidos, portanto, mapas e roteiros com registros fotográficos georreferenciados, considerando os cenários dos períodos chuvosos e secos.

Em um segundo momento, serão realizadas visitas técnicas ao Geoparque Seridó, nas quais serão identificadas as relações entre recursos hídricos e o geoturismo. Na sequência das atividades, algumas comunidades e escolas serão identificadas e selecionadas para a realização das oficinas, que terão como objetivo a socialização das ações do projeto, assim como a discussão dos conhecimentos alcançados. Durante as oficinas, também serão levantadas sugestões para possíveis complementações das informações e dados que farão parte dos mapas e roteiros. A última fase do projeto compreenderá a elaboração de material educativo.

Localizado em uma das áreas mais áridas do mundo, cujas temperaturas podem chegar a 40 graus, é no Geoparque que nasce o rio mais importante do Rio Grande do Norte do ponto de vista histórico, o Rio Potengi, inicialmente chamado de Rio Grande, que originou o nome do estado. Em outro projeto de extensão da UFRN, coordenado pelo professor Marcos Nascimento, notou-se que o patrimônio do Geoparque é composto por formações rochosas com dois bilhões de anos e paisagens com relevos de mais de 20 milhões de anos.

O Geoparque Seridó ocupa uma área de 2.800 quilômetros quadrados e abrange os municípios de Cerro Corá, Lagoa Nova, Currais Novos, Acari, Carnaúba dos Dantas e Parelhas. Na área, estão localizados 21 geossítios, sendo eles: Serra Verde, Cruzeiro de Cerro Corá, Nascente do Rio Potengi, Vale Vulcânico, Mirante de Santa Rita, Tanque dos Poscianos, Lagoa do Santo, Pico do Totoró, Mina Brejuí, Cânions dos Apertados, Açude Gargalheiras, Poço do Arroz, Cruzeiro de Acari, Morro do Cruzeiro, Marmitas do Rio Carnaúba, Serra da Rajada, Monte do Galo, Xiquexique, Cachoeira dos Fundões, Açude Boqueirão e Mirador.

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