RN precisa de mais de meio bilhão para reforçar segurança, avalia ex-secretário

Somente no último fim de semana (entre a noite de sexta-feira 19 e a noite de domingo 21), 14 novos casos de assassinato foram registrados em solo potiguar, sendo cinco em Natal, dois em São Miguel e um em municípios como Ceará-Mirim, São José de Mipibu, Apodi, Canguaretama, Tibau, Maxaranguape e Mossoró, este último na região Oeste do Rio Grande do Norte. 12 dos 14 casos foram cometidos através da utilização de armas de fogo.

Diante do cenário devastador, o Agora Jornal procurou ouvir pessoas ligadas à segurança pública do Estado e um dos que atenderam aos chamados da reportagem foi o ex-titular da Secretaria Estadual de Segurança Pública e Defesa Social (Sesed) no governo Wilma de Faria / Fernando Freire, Anísio Marinho Neto, que atualmente atua como procurador de Justiça do Ministério Público Estadual.

Para ele, hoje o Rio Grande do Norte atua na segurança com um déficit de pelo menos R$ 640 milhões, algo que poderia ser revisto para os próximos anos. No orçamento anual de 2017, aprovado pela Assembleia Legislativa no final do ano passado, o Governo destinou R$ 1,2 bilhão para a segurança pública, o que corresponde a 9,75% do valor total (R$ 12,3 bilhões) aprovado pela Casa Legislativa.

Na visão de Anísio, seria necessário para combater o crime no Estado pelo menos 15% do orçamento geral anual. Se levado em consideração os valores aprovados para este ano, a destinação necessária para a segurança seria de R$ 1,84 bilhão. Ou seja, no comparativo entre as duas porcentagens, o déficit atual no setor, na concepção do procurador, é de nada menos do que R$ 640 milhões.

“Se a gente fizer um comparativo, vamos ver que é necessário elevar o investimento na segurança. Hoje a saúde tem 12% do orçamento e a educação tem 5%. Diante disso, é necessário que a segurança pública tenha, na pior das hipóteses, 15% do valor para ser trabalhado. Isso daria algo em torno de R$ 500 milhões (R$ 640 milhões, conforme relatado acima) a mais do que já vem sendo destinado”, analisou Anísio.

Para o ex-secretário, porém, os recursos precisam ser aplicados em situações que realmente melhorem o cenário do Estado, como por exemplo o retorno de um projeto que implantava bases policiais em diversas localidades estratégicas das cidades na intenção de inibir as ações criminosas, crescentes em todo território norte rio-grandense nos últimos anos.

“Além de assegurar os recursos, é necessário criar utilidades para ele, como por exemplo incrementar bases de polícia comunitária; implantar tecnologia de monitoramento nas áreas mais críticas; fazer levantamento estatístico confiável para colocar polícia nos pontos onde ocorrem crimes com mais frequência; implantar ilhas de segurança e, por fim, espalhar policiais com um planejamento estratégico, de modo que a viatura saia da corporação de dia com um roteiro pré-definido, fazendo com que aquele policial não saia da área que ele tem que vigiar durante seu período de trabalho. Só assim conseguiremos fazer retroceder esses índices de criminalidade que estão cada vez maiores, sem gerenciamento do Estado e sem controle governamental”, finalizou Anísio.

Diante das declarações do ex-secretário, a reportagem do Agora Jornal procurou a Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social para ouvir o posicionamento de defesa do governo. No entanto, pelo menos a princípio, a pasta preferiu não emitir uma nota retorno em resposta as falas proferidas pelo procurador, que atualmente também exerce o cargo de Corregedor-Geral do Ministério Público do RN.

Rodrigo Ferreira

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