Senador Luiz Estevão (PMDB) reformou bloco de presídio onde cumpre pena, diz MP

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Condenado a 26 anos de prisão, o ex-senador Luiz Estevão (ex-PMDB) é acusado pelo Ministério Público do Distrito Federal de financiar a reforma do bloco onde cumpre pena no Complexo da Papuda. O ex-coordenador da Subsecretaria do Sistema Penitenciário (Sesipe) Cláudio Magalhães e o ex-diretor do Centro de Detenção Provisória (CDP) Murilo Cunha também foram denunciados, acusados de serem coniventes com o empreendimento. Segundo o MP, a reforma foi paga por meio de uma empresa de fachada. O G1 não conseguiu contato com o grupo.




As obras no bloco 5 do Centro de Detenção Provisória (CDP) chamaram a atenção do MP por destoar da realidade do presídio. Considerado “luxuoso” em comparação a outros espaços da própria unidade, a ala destinada a “vulneráveis” – ex-policiais, presos federais e outros detentos que podem correr risco se misturados a outros presos – tem sanitário e pia de louça, chuveiro, cortina, tapete, cerâmica e paredes pintadas (veja imagens).

De acordo com a denúncia, o ex-diretor do CDP se recusou a dizer quem financiava a obra a promotores que visitaram a Papuda. Segundo o órgão, não há registro oficial da reforma, que levou mais de seis meses para ser concluída, ao longo de 2013. As investigações demoraram um ano para identificar o ex-senador como o financiador da obra.

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“A misteriosa reforma começou a ser desvelada quando foi concluída e ali foi alocado o senhor Luiz Estevão de Oliveira Neto, sem autorização judicial, permanecendo em uma ala inteira, na qual havia sido criado um pátio para banho de sol exclusivo, simplesmente sozinho, por praticamente quatro meses, e posteriormente recebendo a companhia apenas de outros quatro presos detentores de poder político/econômico”, diz a denúncia.

O MP identificou que a reforma era empreendida por uma empresa de fachada – que tem como sede um endereço residencial que nunca foi ocupado realmente pela empresa e sem empregados formalmente contratados, diz o órgão. De acordo com as investigações, era uma arquiteta do grupo empresarial de Luiz Estevão quem de fato dirigia obra, a pedido de Luiz Estevão.




O objetivo da medida era evitar qualquer associação com o ex-senador, diz o órgão. Segundo os promotores, grande parte do material foi adquirido pela empresa de fachada para então ser pago pelo grupo empresarial do ex-político. O MP confirmou a informação com operários da obra e teve acesso a notas fiscais dos materiais empregados na reforma do bloco 5 do CDP e na construção de um galpão para abrigar documentos do “arquivo morto” do complexo – que antes ocupavam o espaço.

Ao G1, o promotor Marcelo Santos Teixeira disse que a reforma do bloco chamou a atenção desde o primeiro momento. “É bem verdade que não é nada suntuoso, luxuoso. Mas comparado com o restante das unidades, vê-se uma clara diferenciação. Há aí uma ilha de salubridade.”

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MAIS INFORMAÇÕES: G1 http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2016/08/luiz-estevao-reformou-presidio-onde-cumpre-pena-acusa-mp-veja-fotos.html

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