Trabalho ao ar livre triplica risco de câncer de pele

04.05.16 Fabinho de 200 reduzida

Passar 75% do tempo de trabalho exposto ao sol aumenta as chances de desenvolver tumores. Márcio Almeida, médico da Aliança Oncologia, dá dicas das roupas e protetor solar para trabalhadores que ficam ao ar livre

Profissionais que desempenham atividades expostos ao sol têm três vezes mais chances de desenvolver câncer de pele do tipo não melanoma – que representa 95% das ocorrências dessa doença. O resultado foi publicado na revista científica Journal of the European Academy of Dermatology and Venereology.

O câncer de pele corresponde a 25% dos casos da doença no Brasil. São 175.760 casos previstos para 2016, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Para Márcio Almeida, médico da Aliança Oncologia, a localização do território brasileiro favorece o desenvolvimento desta variação do tumor.

“Somos um país tropical, com forte exposição solar durante o ano inteiro. Temos um grande contingente de pessoas com pele clara, que sofrem queimaduras com mais facilidade, o que aumenta os riscos. Estamos acostumados a pegar sol desde cedo, e sem usar o protetor solar”, afirma Almeida. Não por acaso, 90% dos cânceres de pele ocorrem em partes do corpo expostas ao sol.

Assim, profissões como agricultores, trabalhadores da construção civil, mineradores, pescadores e marinheiros têm taxas de incidência dos carcinomas de pele mais elevados do que a população em geral. Márcio Almeida recomenda cuidados extras para os profissionais que passam muito tempo ao ar livre.

“Protetor solar de fator 30, no mínimo, e deve-se passar a cada duas horas. Também usar boné ou chapéu, e camiseta de manga cumprida, de preferência, feita de algodão. Se o trabalho disponibilizar uma barraca para os empregados se protegerem na sombra durante o descanso, o tecido também deve ser de algodão. As barracas de nylon deixam passar até 95% dos raios ultravioleta”, explicou o oncologista.

O estudo narra que, na Europa, poucos países identificam o câncer de pele como uma doença relacionada ao trabalho. Na Alemanha, esse reconhecimento ocorreu em janeiro de 2015. Em doze meses, foram diagnosticados 6000 casos de tumores na pele decorrentes da ocupação do paciente. A maioria empregada em setores da agricultura e construção.

 

Prevenção

A pesquisa indicou também que a exposição demasiada e diária ao sol triplica as chances da ocorrência de quetarose actínica, lesão causada por queimaduras solares e que deixa a pele mais propícia ao desenvolvimento do câncer.

“A queratose é uma lesão pré-cancerígena, que resulta em quadro inflamatório permanente. Isso favorece o surgimento dos tumores. As lesões se assemelham com uma verruga, mais áspera, como se fosse uma crosta na pele”, descreve Márcio Almeida. Entre 40% a 60% dos tumores começam com queratoses não tratadas.

O médico reforça a importância para o diagnóstico precoce da doença, que aumentam as chances de cura para o câncer de pele. “A qualquer sinal de uma alteração na pele, manchas que mudam de tamanho ou cor, deve-se procurar um especialista. Esse tipo câncer tem altas taxas de cura quando descoberto ainda nos estágios iniciais”, pontuou Almeida.

Calculadora

A Sociedade Brasileira de Dermatologia disponibiliza uma ferramenta para calcular as chances de uma pessoa ser um paciente de risco para o câncer de pele. As perguntas levam em consideração a alimentação, rotina e quantidade de exercícios físicos realizados diariamente. http://www.sbd.org.br/calculadora-de-risco-de-cancer-da-pele/

 

 

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