Trump enfrenta ameaça de impeachment; Washington está sob rígidas medidas de segurança

Foto: AFP

Uma semana antes do final de seu mandato, o presidente Donald Trump enfrenta um novo impeachment nesta quarta-feira(15) por encorajar o ataque ao Capitólio que deixou cinco mortos e chocou os Estados Unidos e o mundo. Faltando sete dias para a posse do presidente eleito, o democrata Joe Biden, e poucas horas antes de a Câmara dos Representantes votar a histórica acusação contra o presidente republicano, Washington estava sob forte esquema de segurança, em um ambiente tenso após a tomada da sede do Congresso por apoiadores de Trump em 6 de janeiro.

Blocos de concreto separavam os cruzamentos principais do centro da cidade, enormes barreiras de metal cercavam prédios federais, incluindo a Casa Branca, e a Guarda Nacional estava por todos os lados. Os debates na Câmara dos Representantes começaram às 9h locais (11h de Brasília). A votação do impeachment foi marcada para às 15h locais (17h de Brasília).

Seu resultado, que não deixa dúvidas já que os democratas controlam a Câmara, marcará a abertura formal do processo de impeachment contra Trump, que se tornará o primeiro na história do país a ser julgado duas vezes no Congresso.

Cada vez mais isolado, o tempestuoso presidente tentou na terça-feira minimizar o procedimento conduzido pelos democratas, descrevendo-o como uma “continuação da maior caça às bruxas da história política”.

Poucos dias antes de sua partida para sua residência em Mar-a-Lago, Flórida, onde sua nova vida como “ex-presidente” deve começar, Trump parece desconectado do que está acontecendo na capital americana.

Nenhum republicano na Câmara de Representantes apoiou o impeachment anterior contra Trump em 2019, e apenas um senador do partido, Mitt Romney, votou para condená-lo. O presidente foi então absolvido da acusação de reter ajuda financeira para obrigar a Ucrânia a investigar uma suposta corrupção de seu adversário político Biden.

Mas desta vez, cinco deles já manifestaram intenção de votar a favor do “impeachment”, entre eles Liz Cheney, uma das líderes da minoria republicana e filha do ex-vice-presidente Dick Cheney.

“Nada disso teria acontecido sem o presidente”, disse ela sobre o ataque ao Capitólio.

A presidente da Câmara e líder da maioria democrata, Nancy Pelosi, revelou os nomes de sua equipe de “promotores” que levará o caso ao Senado, ainda dominado por republicanos, para o impeachment.

– Virar a página? –

Mais preocupante para Trump e seu possível futuro político é que Mitch McConnell, líder da maioria republicana no Senado, dizer a seus aliados, segundo reportagens do New York Times e da CNN, que via o “impeachment” favoravelmente, considerando que o julgamento tem fundamento e ajudaria o Partido Republicano a virar a página de Trump para sempre.

Este estrategista inteligente, aliado altamente influente e crucial de Trump por quatro anos, pode ser a chave para o resultado desse procedimento histórico, porque poderia encorajar senadores republicanos a condenar o 45º presidente dos EUA.

De Alamo, no Texas, para onde viajou para comemorar a construção do muro na fronteira com o México, ele tentou mostrar uma imagem menos agressiva, pedindo “paz e calma”.

O presidente não assumiu nenhuma responsabilidade pelo incidente violento no Capitólio, garantindo que seu discurso foi “totalmente adequado”. Seu vice-presidente, Mike Pence, se recusou a invocar a 25ª Emenda à Constituição, que permitiria declarar o republicano inapto para o cargo.

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