Voluntário em testes, Marcos Pontes diz que nitazoxanida reduz carga viral da covid-19; o ministro não deu detalhes sobre os resultados das pesquisas

Foto: Alan Santos/PR

O ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, anunciou hoje que a medicação nitazoxanida (conhecida como “Annita”) reduz a carga viral de covid-19 em pacientes. A declaração foi sobre estudos clínicos organizados pela pasta e que tiveram Pontes como um dos voluntários da pesquisa — o ministro foi diagnosticado com a doença em julho.

A nitazoxanida é um vermífugo de baixo custo. Segundo Pontes, durante coletiva concedida no Palácio do Planalto, as pesquisas realizadas com pacientes já diagnosticados com o novo coronavírus e que utilizaram a medicação apontaram que o remédio “reduz o contágio, reduz a carga viral e diminui a probabilidade da pessoa aumentar os sintomas”. Porém, o ministro não deu detalhes sobre os resultados das pesquisas, que ainda serão revisados antes de serem aceitos por um periódico científico internacional.

Ele ressaltou ainda que o uso do remédio não é preventivo, mas sim aplicável apenas a casos já diagnosticados da doença.

“Vantagens do medicamento: é de baixo custo, não tem efeitos colaterais sérios. Mas não é utilizado para fazer prevenção e não tem medida profilática. O uso é só depois que a pessoa já foi infectada com o vírus”, disse o ministro.

O ministro mencionou ter sido um dos voluntários da pesquisa e alegou que “é importante participar”. Ainda, disse ter sofrido com a morte de amigos pela covid-19 e espera que o uso da nitazoxanida possa ajudar a reduzir o avanço dos quadros para situações graves da doença.

“A ciência é a única arma que nós temos para combater o vírus, é ela que faz os resultados como um todo”, afirmou Pontes.

Enquanto titular do ministério da Ciência e Tecnologia, Pontes declarou que seu trabalho já foi feito. Agora, anunciou, a responsabilidade sobre outras pesquisas com a medicação ficarão sob a batuta do Ministério da Saúde.

Apesar do anúncio de Pontes, o estudo não foi divulgado para o público. Segundo o governo federal, os detalhes ainda não podem ser publicados porque a pesquisa foi submetida a uma revista internacional e ainda está sujeita a revisão.

Os estudos clínicos sobre o uso de Annita em casos de covid-19 foram anunciados por Pontes em abril deste ano.

Segundo a pasta, as pesquisas admitiram 1.555 voluntários que apresentaram sintomas comuns do novo coronavírus (febre, tosse seca e fadiga por mais de três dias. Os pacientes foram submetidos a exames clínicos e coletas de RT-PCR para confirmar se, de fato, estavam infectados com a doença.

As pesquisas com os voluntários foram feitas em modelo chamado “duplo cego”. Isso significa que nem os voluntários e nem os médicos que participaram sabiam qual substância foi administrada nos pacientes: se foi o placebo ou a nitazoxanida.

UOL

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