COMÉRCIO LIBERADO e sem atingir ‘imunidade de rebanho’ na Covid-19, Manaus intriga cientistas

MANAUS – Cidade com maior incidência de infectados e mortes no início do pico da pandemia do novo coronavírus, Manaus foi também a primeira no país a estabilizar a contaminação e sair da fase crítica, liberando o comércio e retomando as aulas na rede pública de ensino.

Os fatores que estão ajudando a manter o vírus sob controle em Manaus e outras cidades ainda não estão claros, segundo o The Washington Post. O jornal norte-americano usa a capital do Amazonas como exemplo sobre a mecânica da ‘imunidade do rebanho’, método de avaliação sobre o nível de transmissão que deve ser cruzado antes que a doença comece a diminuir.

A dúvida dos cientistas é se os primeiros prognósticos sobre a imunidade do rebanho em Manaus ultrapassaram o limite. O que aconteceu?

Segundo o Washington Post, inicialmente acreditava-se que entre 60% e 70% da população precisava desenvolver anticorpos para atingir a imunidade coletiva. Duas cidades não chegaram nem perto desse parâmetro: Guayaquil (33%) e Manaus que nunca passou dos 20%.

O que intriga os pesquisadores é que a capital do saiu de um pico de internações de 1.300 em maio para menos de 300 em agosto. O excesso de mortes em Manaus caiu de cerca de 120 por dia para praticamente zero. A cidade fechou seu hospital de campanha.

Também surpreende que a cidade não esteve sob um bloqueio utilizado com sucesso na Ásia e na Europa. Governo do estado e prefeitura adotaram apenas o isolamento social, que não foi cumprido com rigor.

Os fatores que estão ajudando a manter o vírus sob controle em Manaus e outras cidades ainda não estão claros. O jornal americano cita que comportamentos alterados e características individuais da comunidade certamente desempenham um papel importante.

“Manaus é um caso interessante, de fato”, disse Jarbas Barbosa da Silva, diretor-assistente da Organização Pan-Americana da Saúde, ao The Washington Post. “A hipótese – e esta é apenas uma hipótese – é que o pico que tivemos em Manaus foi muito forte, e a transmissão comunitária foi tão generalizada que pode ter produzido algum tipo de imunidade coletiva”

A ideia de imunidade de rebanho há muito é usada para justificar e explicar o propósito das campanhas de vacinação em massa. Os cientistas conectariam a taxa de transmissão da doença – ou quantas pessoas uma pessoa infectada – em um cálculo para determinar a porcentagem de pessoas que deveriam ser vacinadas. Para doenças particularmente infecciosas, como o sarampo, isso chega a 95 por cento. Para outros, é menor.

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