Como os professores estão preparando os alunos para o Enem de Bolsonaro

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, deu o tom do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2019: “Questões ideológicas e muitas polêmicas, como no passado, não vão acontecer este ano”.

A declaração representa um desafio aos professores de cursos pré-vestibulares, principalmente das disciplinas de ciências humanas. Como preparar os alunos para uma avaliação de tendência “conservadora”? Por outro lado, com tantos recuos nas decisões do atual governo, estão mesmo descartadas as questões mais polêmicas?

A declaração de Weintraub confirmou medidas já tomadas pelo ex-ministro, Ricardo Vélez Rodríguez. Em 20 de março, Vélez nomeou uma comissão para analisar questões da prova do Enem 2019, no Banco Nacional de Itens, para “verificar sua pertinência com a realidade social, de modo a assegurar um perfil consensual do exame”, conforme alegou, à época em nota, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), responsável pela prova.

Nos últimos anos, questões do Enem geraram polêmicas. Em 2018, diversas perguntas trataram de temas como racismo, feminismo e questões LGBTQ+. Em uma delas, era necessário interpretar um trecho do conto “Vó, a senhora é lésbica?”, de Natália Borges Polesso. Outra abordava o Pajubá, dialeto adotado por gays e travestis.

Em 2017, pais e professores questionaram o edital da prova que prometeu atribuir nota zero a redações que “desrespeitassem os direitos humanos”, o que foi interpretado pelos conservadores como uma máscara para penalizar alunos que não seguissem pautas consideradas “politicamente corretas” – ser contra o aborto, por exemplo, seria uma postura considerada – erroneamente – como uma violação aos direitos humanos?

Diante desse cenário, professores de ciências humanas ouvidos pela Gazeta do Povo admitiram enfrentar dilemas diários sobre como preparar os alunos na abordagem de determinados assuntos. A tendência é focar mais em conteúdos consolidados do que em opiniões ou tópicos sem consenso científico.Leia também: Presidente quer reduzir investimentos em faculdades de filosofia e sociologia. 

Leia na Íntegra, aqui.

Escreva sua opinião

O seu endereço de e-mail não será publicado.