Facções como PCC lucram com bebidas falsas e contrabando: alerta de Rodrigo Pimentel expõe falha na segurança pública

O caso de nove paulistas internados em estado grave após consumir cachaça, vodca e gin adulterados acendeu um alerta sobre um mercado criminoso que movimenta bilhões no Brasil: o de bebidas falsificadas, cigarros contrabandeados e vapes ilegais. Quem denuncia é o capitão da reserva do BOPE e autor de Tropa de Elite, Rodrigo Pimentel, que aponta ligação direta entre esses produtos e facções criminosas como PCC, Comando Vermelho e milícias.

Segundo Pimentel, o metanol — substância química altamente tóxica usada como combustível — é a base da adulteração. O Brasil produziu o composto até 2016, mas, desde então, depende da importação. “Esse produto acaba na mão do adulterador, e quem controla o território autoriza sua utilização. Se você está numa área de milícia, a vodca é falsificada. Se está em área do Comando Vermelho, o cigarro e o vape são contrabandeados”, disse.

Dados da Receita Federal e de órgãos de segurança confirmam que o mercado ilegal de bebidas alcoólicas adulteradas tem crescido no país. Só em 2024, a Polícia Civil de São Paulo apreendeu mais de 500 mil litros de bebidas falsificadas. No mesmo período, o Ministério da Saúde registrou dezenas de internações por intoxicação com metanol, substância que pode causar cegueira e morte.

No caso dos vapes, a situação é ainda mais alarmante. Embora a comercialização de cigarros eletrônicos seja proibida pela Anvisa desde 2009, estima-se que existam hoje 4 milhões de usuários no Brasil. “Não existe vape no Brasil que não seja vendido por uma facção. Esse mercado é completamente dominado pelo crime organizado”, afirmou Pimentel.

Para especialistas, a denúncia expõe uma falha estrutural da segurança pública: a concentração de esforços no combate às drogas tradicionais, como maconha e cocaína, enquanto mercados paralelos mais lucrativos seguem crescendo. “Se não olhamos para isso, estamos correndo atrás do rabo. Não adianta só recuperar fuzil. O crime se financia também no que está na mesa e no copo do consumidor comum”, alertou o ex-oficial.

O episódio em São Paulo e as declarações de Rodrigo Pimentel revelam uma rede complexa onde saúde pública, contrabando e facções se cruzam. Mais do que uma questão criminal, trata-se de um problema nacional de segurança e saúde, que exige investigação profunda e políticas integradas de enfrentamento.

1 Comentário

Change Dragon

out 10, 2025, 9:18 am Responder

Falha ou conivência? Fica a dúvida…

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