‘Frio e calculista’, traficante ostentação se revezava entre mansão de R$ 1 milhão e hotéis

Robson Costa Uzêda da Silva, 34 anos, tem uma ficha extensa. Seus predicados, segundo a polícia, incluem chefe do tráfico da localidade do Brongo, em Brotas, e responsável por cerca de 40 homicídios – sendo acusado formalmente por quatro. “Indivíduo de alta nocividade”, disse um delegado. “Muito violento”. “Frio e calculista”.

Mas foi o comentário de um policial para outro colega que talvez melhor traduza quem era Robson – pelo menos, no universo e no linguajar policial: “Não é desses pombos sujos”. Deixando de lado, ainda que momentaneamente, a gravidade moral do comentário, dá para perceber uma coisa: Robson, mais conhecido como Robinho, é diferente dos presos apontados pela polícia como traficantes de drogas nessas apresentações à imprensa.




Nesta sexta-feira (2), quando chegou na sede da Polícia Civil, na Praça da Piedade, por volta das 11h, vestia a grife francesa Lacoste dos pés à cabeça. Nos pés, um tênis branco de couro que ostentava o tradicional jacaré. A camisa era uma polo tradicional – verde e com o jacaré de estimação bordado como nas coleções mais recentes. Mas estava sendo coberta por uma camiseta de malha azul fornecida pela polícia aos presos.

A roupa de preso o incomodava. Quando os investigadores foram tirá-la, para as fotos, Robson ficou aliviado. “Essa camisa estava fedendo para p*….”, disse, sem deixar de arrancar alguns risos abafados de quem estava presente. Era como se estivesse totalmente alheio ao fato de que, de acordo com a polícia, ele é um dos gestores de uma guerra que deixa mortos quase que diariamente e que transformou os moradores do Brongo e dos bairros recentes em reféns do medo.

Segundo a delegada Maria Dail, titular da 6ª Delegacia (Brotas), Robson estava acostumado com uma vida de luxo. Há alguns meses – a polícia não soube precisar – estava morando em uma casa alugada, em um condomínio de classe média alta em Villas do Atlântico, em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador (RMS).

Eram quatro suítes, com direito a piscina privativa. Na internet, é possível encontrar imóveis nos mesmos moldes do que Robson estava vivendo sendo vendidos no mesmo condomínio por R$ 1 milhão. Além disso, ele dirigia uma Toyota Hillux – que não estava em seu nome, mas a polícia acredita que tenha sido comprada por ele. Lá, ficaria com a atual mulher e a filha mais nova. Além disso, revezaria o imóvel com estadias em hotéis, tentando despistar a polícia.

Era uma vida diferente da de sua mãe, que ainda vive no Brongo. De acordo com a delegada Maria Dail, numa casa muito simples. Foi lá, na casa da progenitora, na Rua Padre Daniel Lisboa, que Robson foi preso, na quinta-feira (1). Tinha ido visitá-la e, na saída, foi surpreendido pela polícia, que já o investigava.

Ao CORREIO, Robson negou tudo. Disse mesmo que tinha três filhas: meninas de 9, 2 e 1 ano e seis meses. Nenhuma moraria com ele – todas com as respectivas mães. Ele, por sua vez, disse que morava com a mãe. Negou qualquer envolvimento com o tráfico, bem como com os homicídios aos quais é acusado pela polícia.“Ele não mora mais lá (no Brongo), mas ia sempre”, explicou a delegada.

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