Juiz usou esposa, sócios, pai e sogra para ocultar R$ 5,84 milhões em propinas, acusa MPE

O juiz Aldo Ferreira da Silva Júnior, afastado da 5ª Vara da Família e Sucessões de Campo Grande, usou a esposa, pai, sogra, advogado e empresários para ocultar R$ 5,846 milhões em propinas. A revelação consta de uma das três denúncias feita em abril deste ano pelo então procurador-geral de Justiça, Paulo Cezar dos Passos.

O Ministério Público Estadual denunciou nove pessoas e pede a condenação à prisão por ocultação de bens e lavagem de dinheiro, a perda do cargo de juiz e o pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 29,232 milhões.

A denúncia consta de pedido de suspeição feita pela defesa do magistrado contra os desembargadores Carlos Eduardo Contar, vice-presidente do Tribunal de Justiça, e do relator da denúncia no TJMS, desembargador Luiz Gonzaga Mendes Marques.

Júnior quer que o atual presidente da corte, desembargador Paschoal Carmello Leandro, que se declarou suspeito, volte a ser o relator do pedido de suspeição. De acordo com Passos, a propina foi paga a Aldo Ferreira da Silva quando ele comandou a 5ª Vara da Família e foi juiz auxiliar da vice-presidência do TJMS entre 20 de julho de 2012 e 29 de agosto de 2014. Neste período, ele chegou a ser afastado do cargo pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

O Jacaré já divulgou uma das histórias, que foi o pagamento de R$ 155,2 mil em propina pelo frigoríco Frigolop, de Terenos, a esposa de Aldo, a advogada Emmanuelle Alves Ferreira da Silva, em troca do pagamento do precatório inexistente no valor de R$ 1,3 milhão.

O advogado Ildefonso Lucas Gessi teria pago R$ 274 mil em propina por meio do empresário Pedro André Scaff Raf em troca da liberação de alvarás de pagamento de dois precatórios, sendo o primeiro de R$ 1 milhão e outro de R$ 560 mil. Uma propriedade rural de 115 hectares, avaliada em R$ 1,4 milhão, obtida em inventário que tramitou na vara, e teria sido adquirida por meio da sogra, Vanja Maria Alves. O maior lucro, de R$ 3,857 milhões, teria sido obtido por meio da negociação de créditos de R$ 14,5 milhões envolvendo sócios de famosa choperia na Capital.

A quebra dos sigilos bancários conrmou os negócios entre o magistrado e os
supostos laranjas, como a sogra, o pai, Aldo Ferreira da Silva, o advogado Wilson Tavares de Lima e outros advogados. Um exemplo é Lima, que recebeu R$ 62 mil da garagem de veículos e repassou, no
mesmo dia, R$ 95 mil para Aldo Ferreira da Silva Júnior. Em outro dia, ele recebeu R$ 38 mil e repassou a mesma quantia ao magistrado.

Há também o caso de um frentista, que tinha salário de R$ 2 mil por mês, mas chegou a ser dono de uma das fazendas, avaliada em R$ 280 mil, e transferiu R$ 117,4 mil para Emmanuelle, esposa do juiz. Em depoimento ao Gaeco, ele contou que recebeu precatório, mas não se lembrou do valor recebido.

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