Não vejo nada de inconcebível, diz Marun sobre negociação com governadores

Após o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, admitir nesta terça-feira (26), que o Palácio do Planalto está pressionando os governadores e prefeitos a trabalhar a favor da aprovação da reforma da Previdência em troca da liberação de recursos do Governo federal e financiamentos de bancos públicos, como a Caixa Econômica Federal, as críticas começaram a surgir e, com isso, uma ala do Governo passou a se defender.

O vice-líder do Governo, Beto Mansur, por exemplo, reagiu: “lógico que o Governo não vai fazer condicionamento. Isso não tem absolutamente nenhum cabimento”.

Em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã, Marun disse que não rebateria o companheiro da linha de frente na defesa do Governo, porque disse ser uma verdade: “Não estamos condicionando. Estamos conversando com governadores beneficiados por ações do Governo no sentido de que nos auxiliem a aprovar. Eu dizia que os Estados são tão ou mais interessados que o Governo na modernização da Previdência brasileira”.

“Eu vou conversar com todos os governadores que estão sendo beneficiados por ações diversas do Governo para que nos auxiliem. O Governo é público. Todos os órgãos são públicos, todavia são ações de Governo esses financiamentos. Se não fossem, poderiam ser procurados bancos particulares. Ações de Governo que muitas vezes não são reconhecidas por aqueles beneficiados”, disse.

Questionado se a ação não iria contra a austeridade que se tentava impor aos Estados, Carlos Marun desconversou e defendeu que os governadores possuem influência nas discussões das bancadas de seus Estados. “Na política, é obvio que governadores têm influência e condições de ter diálogo mais profundo com bancadas de seu Estado. Especialmente com parlamentares da sua base de apoio. Quer que eu minta ou a política deixou de ser assim? Estou falando a verdade. E você sabe que isso é realidade. Governador tem posição de dialogar, expor a seus parlamentares. Nós queremos que governadores sejam protagonistas, agentes ativos nesse processo de reforma que é necessidade para o Brasil. Não vejo nada de inconcebível em diálogo como esse”.

Ao entrar em debate sobre o tipo de “toma lá dá cá” que usa um banco público para distribuir benesses e ser lembrado de que nomes como Eduardo Cunha, Henrique Eduardo Alves e Fábio Cleto foram presos por usar a Caixa como uma caixinha, uma espécie de braço financeiro, Mansur foi direto: “ninguém vai ser preso por apoiar a Previdência, deveria ser preso quem não apoia, diante da evidente necessidade de que a Previdência brasileira seja modernizada e nessa modernização exija mais justiça. Com todo respeito, me recuso a comentar essa comparação que você faz”, finalizou.

Confira a entrevista completa com o ministro Carlos Marun:

 

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