“Queria ser padre. Mas, após expulsão do seminário, me entendi travesti”
“Nasci em uma colônia alemã, que fica numa cidadezinha no interior do Paraná, e lá comecei a frequentar a Igreja de forma ativa, participando do grupo de jovens. A presença da Igreja Católica foi muito marcante na minha adolescência. Entrei no Seminário aos 15 anos, quando estava no primeiro ou segundo ano do Ensino Médio —era o Seminário Menor Mãe de Deus, em Irati (PR).
Passei um ano lá. Eu realmente tinha a perspectiva de ser padre, de seguir a vida religiosa, mas hoje entendo que essa foi uma experiência muito ruim. A vida no Seminário era extremamente regrada, tinha hora para tudo: acordávamos às 6h e às 6h30 já estávamos na missa. Das 7h às 11h45, tínhamos aula. Almoçávamos até as 13h e depois cumpríamos tarefas como carpir o terreno e fazer faxina. Por volta das 16h, íamos estudar. Às 18h, preparávamos comida, jantávamos e, às 21h, íamos para a cama.
De manhã a gente rezava as laudes, às 12h as médias e às 18h as vésperas. No meio dessa rotina, a gente não tinha acesso ao celular durante a semana, só aos sábados e domingos. No Seminário, acabei refletindo muito sobre a minha vida, e principalmente sobre a minha sexualidade. Eu tentava não pensar muito sobre isso, porque esse é um confronto muito grande para quem cresce dentro de ambientes religiosos.
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